Neste sábado, dia 8 de outubro, o tema da aula é o poder do 4º chacra. Saiba mais neste texto publicado no blog do Yoga Pela Paz
Kundaliní, o Poder Serpentino e os Chacras
O
Yoga vê o homem como um reflexo do macrocosmos. A energia criadora que engendra
o Universo manifesta-se no homem, que não está separado nem é diferente dela. O
nome dessa energia é kundaliní. A nossa consciência individual é
apenas uma das suas dimensões, pois energia e consciência não são coisas
separadas. A ciência concorda com o Yoga em que o universo é um verdadeiro mar
de energia. Eles diferem, entretanto, quanto ao significado dessa constatação.
O Yoga diz que ela possui implicações pessoais profundas. Se a matéria é de
fato vibração, então o corpo humano, que faz parte do mundo material, também
está feito de energia. Consciência e energia estão intimamente ligadas, sendo
dois aspectos da mesma realidade.O corpo humano não é apenas matéria inconsciente
ou uma carcaça habitada por uma alma etérea, mas uma realidade vibratória
animada pela mesma consciência que anima a própria mente. Por isso, deveríamos
deixar de vê-lo como algo diferente do nosso ser "invisível". Pense
no seu corpo como um receptáculo de energia cósmica, um aglomerado de átomos
conscientes, construído à imagem do macrocosmos. A consciência vibra em cada
uma das suas células, o prána está presente em todos seus
tecidos. Quando corpo e mente se unem, a consciência do corpo sutil começa a
revelar-se.O Yoga afirma: você é a própria existência. Toda divisão do tipo
corpo-mente, carne-espírito etc. é pura especulação. A diversidade aparece
dentro da Unidade, sem separar-se dela. A existência é uma continuidade que se
estende desde o princípio da Consciência (Purusha) até o aspecto mais
denso da matéria. O microcosmos reflete o macrocosmos: o infinitamente grande é
igual ao infinitamente pequeno. É sabido que o homem utiliza menos de dez por
cento da capacidade do seu cérebro. O Yoga é um caminho para desenvolver os
outros noventa por cento e penetrar em dimensões desconhecidas do nosso ser.Kundaliní é
a detentora da força, o suporte e o poder que move não apenas o indivíduo, mas
também o Universo. Macrocosmicamente, ela é Shaktí,Prakriti,
a manifestação do poder de Shiva. Na escala humana é a energia, o motor, a
causa do movimento e da vida do indivíduo. O despertar dessa força conduz à
iluminação. A kundaliní representa-se no homem como uma
serpente adormecida, enrolada três vezes e meia em torno do shivalingam (o
falo, símbolo do poder gerador masculino), obstruindo com a sua cabeça a
entrada da sushumná nádí, o canal mais importante dos que veiculam
os alentos vitais, situada na base da coluna vertebral, no chacra chamadomúládhára.O
despertar da kundaliní produz um calor muito intenso. A sua
ascensão através dos chacras, num processo sistemático e gradual, desenvolve
poderes latentes. O processo consta de duas etapas: na primeira, o yogin
procederá à saturação prânica do organismo através dos exercícios, a segunda é
o despertar em si. A técnica consiste em concentrar o prána emidá e pingalá
nádí, levando essa energia para o múládhára chacra. O
iogue faz com que o prána chegue até onde reside a kundaliní,
cessando esta então de circular pelas duas nádís e
concentrando-se na entrada da sushumná, que está bloqueada pelo
primeiro nó, o brahmagranthi.Transposto este obstáculo, acontece o
despertar e desenvolvem-se os fenômenos subsequentes: ascensão pela sushumná
nádí, penetração e ativação dos centros de força e samádhi, que
acontece quando a serpente chega ao sétimo chacra, chamado sahásrara,
no alto da cabeça: "Um clarão intensamente abrasador brota no corpo. Kundaliní adormecida,
aquecida por esse abrasamento, desperta. Tal como uma serpente tocada por uma
vara, ela levanta-se sibilando; como se entrasse em sua toca, introduz-se nabrahmanádí
(sushumná)." Hatha Yoga Pradípika, III:67-6.Os chacras são os centros
de captação, armazenamento e distribuição de energia no corpo. Literalmente,
chacra significa roda, disco ou círculo. Também recebem o nome de padmas ou
lótus. Existem milhares de centros de força distribuídos pelo corpo todo,
porém, para efeito da prática, nos ocuparemos apenas dos sete principais, que
se encontram ao longo da coluna vertebral e na cabeça. Eles são: múládhára, swádhisthána, manipura,anáhata, vishuddha, ájña e sahásrara
chacra. Estão unidos entre si pelasnádís, os canais de circulação da
energia, como se fossem pérolas de um colar.A aparência desses chacras é
circular, brilhante, como pequenos CDs, de quatro ou cinco dedos de largura,
que giram vertiginosamente. O elemento que corresponde a cada chacra determina
a sua cor. Cada um tem um bíja mantra, isto é, um som semente, ao
qual responde quando é devidamente estimulado. Representam-se com um número
definido de pétalas, sobre as quais aparecem inscritos fonemas do alfabeto
sânscrito, os bíjas menores, que simbolizam as manifestações
sonoras do tipo de energia de cada chacra. Dessa forma, cada fonema estimula
uma pétala definida de um chacra. Esse é o motivo pelo qual o sânscrito é
considerado língua sagrada: o seu potencial vibratório produz efeitos em todos
os níveis.Cada chacra tem igualmente uma deidade e uma shaktí, com
diferentes nomes, atributos, emblemas etc. Isto não significa que no corpo
sutil existam pequenas imagens de deusas e deuses cheios de braços e cabeças, e
armados até os dentes, assim como não há neles diagramas geométricos ou animais
imaginários. São símbolos das propensões e latências samskáricasassociadas
a cada centro. Esses símbolos falam diretamente à mente subconsciente. Não
precisam ser "interpretados". A única coisa a fazer é observar-se
frente a eles, e às emoções que despertam.Quando você visualiza, por exemplo,
uma shaktí carregando uma caveira cheia de sangue ou uma
espada na mão, deve prestar atenção à reação que essa imagem provoca na sua
consciência. Isso tem por objetivo detectar seus condicionamentos, para poder
trabalhar sobre eles. Preste muita atenção a esses detalhes. Observe-se
atentamente o tempo todo, porém, com mais cuidado ainda enquanto acompanha a
construção mental dessa parte dos chacras. Compare essas vivências e seus
resultados, e veja como elas mudam de chacra para chacra. Se em algum momento
você percebe que um símbolo destes provoca uma reação como medo ou surpresa em
você... atenção! Pode ser sinal de que poderá ter uma revelação sobre si
próprio nos próximos minutos. Observe-se. Observe-se o tempo todo.Entretanto, a
experiência com essas imagens só pode ser aproveitada devidamente quando o
praticante consegue um bom grau de auto-observação. Se você for iniciante, pule
a descrição das deidades e trabalhe apenas sobre os símbolos geométricos e as
cores dos tattwas, que já são por si só muito poderosos. Existe uma
analogia entre os chacras e os diversos plexos do corpo físico, mas é um erro
querer identificá-los com as partes da anatomia humana.Ao meditar nos chacras,
você não deve prestar atenção ao corpo físico, mas ao corpo sutil, no espaço
interior. Pense nos chacras como redemoinhos com o centro mais claro que as
extremidades, girando vertiginosamente em ambos os sentidos. Você poderá
perguntar: "em ambos os sentidos? Como assim?" Assim mesmo. Os
chacras giram em ambos os sentidos. E giram muito rapidamente.O processo
respiratório não é apenas inspirar ou apena expirar. Os chacras não giram só
para a direita ou só para a esquerda. O universo é expansão e recolhimento, em
todos os planos. Quando se medita sobre um chacra, uma das coisas que se
precisa fazer é ver qual é o movimento dominante nele, se horário ou
anti-horário. O movimento horário faz com que o chacra projete energia para
fora. O anti-horário é para captar energia do ambiente. Isto é fácil de se
conseguir com um pouquinho de prática, usando a intuição. Raramente falha.Como
acabar definitivamente com a dúvida sobre o sentido do giro? Yata
Brahmande tata pindade: assim como é no Universo, assim também é no ser. O
mesmo exemplo que se usa na física para explicar o fluxo dos campos magnéticos,
se aplica perfeitamente ao movimento dos chacras.Faça assim: feche o punho da
sua mão direita e deixe o polegar para cima. Com uma caneta, desenhe uma flecha
na gema do polegar e uma flecha nos lados visíveis dos dedos indicador e
mínimo, com as pontas voltadas em direção às unhas.Lembre que a energia sempre
circula desde o punho para as pontas dos dedos. O polegar simboliza a energia
que entra ou sai do chacra. Vamos checar, por exemplo, em que sentido está
girando neste momento seu swadisthána chacra. Feche os olhos e
concentre-se no chacra.Observe-o, respirando profundamente durante alguns
instantes. Concentre-se no sentido do giro. Se o chacra estiver girando em
sentido horário (ou seja, se estiver girando no mesmo sentido que os ponteiros
do relógio, quando você olha de frente para ele), você apoia o punho com o lado
do dedo mínimo voltado para o seu ventre.O giro do chacra coincide com o
sentido da seta que você desenhou no dedo mínino. Aí você repara que a energia
está saindo, conforme indica a seta do seu dedo polegar. Se for ao contrário,
se o seu chacra estiver captando energia do ambiente, ele tenderá a girar em
sentido anti-horário. Nesse caso, observe a seta desenhada no seu dedo
indicador e volte o polegar em direção ao seu ventre. Isso vai lhe dar a pauta
do movimento predominante. Mas não esqueça que eles giram em ambos os
sentidos.Faça o seguinte experimento: encha um aquário com água limpa. Prepare
separadamente dois copos de água tingida com anilina da mesma cor: um deve ser
de cor bem intensa, enquanto o outro deve ter uma cor mais clara. Jogue ambos
os líquidos coloridos ao mesmo tempo no aquário e observe. O que você vê?
Quando as águas se misturam, dá a nítida sensação de que a cor mais forte está
"entrando" na cor mais clara. Mas, em verdade, o que acontece é que
as partículas de água mais clara também estão "entrando" na água mais
escura. Da mesma forma, quando você vê um chacra girando, apenas percebe o
movimento aparente dele, aquele que prevalece. Os chacras sempre giram em ambos
os sentidos, mas sempre predomina um.Pedro Kupfer é professor de Yoga, mora em
Mariscal - SC e é editor do site http://www.yoga.pro.br/inicial.php.
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