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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Shiva - o destruidor


Entenda o arquétipo de Shiva, o destruidor do universo, tema da aula GRATUITA no Ibirapuera, terça, 25 de outubro

Shiva, o destruidor





Talvez hoje a mais antiga imagem venerada no mundo, segundo Joseph Campbell coloca no livro O Poder do Mito, Shiva é também conhecido como Nataraja, o deus da dança e do yoga, o dançarino cósmico, bem como o senhor das artes marciais e protetor dos animais. Sobretudo, Shiva é o deus da destruição – aquele que abre espaço para o novo. Toda criação será incinerada pelo calor abrasivo do fogo da renovação no momento em que este deus abrir seu terceiro olho, localizado entre as sobrancelhas.

Geralmente esse deus que completa a Tríade Hindu é representado como um lindo jovem. Sua iconografia é bastante rica:
- ele aparece coberto por cinzas da pira fúnebre, mostrando que é o senhor da destruição.
- no pescoço, tem pendurada uma guirlanda de cérebros (mundamala):  representa a revolução dos anjos e as sucessivas aparições e desaparecimentos da raça humana.

- na cabeça, leva o símbolo da lua crescente: demonstrando que o tempo é apenas um ornamento para ele. A lua representa o tempo porque os dias e meses estão ligados às suas fases.

- a coroa de cabelos trançados da qual flui o rio Ganges:  a água do rio representa Jñana, o conhecimento.

- as cobras venenosas: simbolizam a morte. Mas, para Shiva, são apenas  decoração. Só ele pode engolir o veneno de Halahala para salvar o mundo. Por isso ele é Mrytiunjay, o conquistador da morte. As serpentes representam também a energia básica – semelhante à energia sexual – de todos os seres.  Portanto, Shiva é o senhor da energia.

- pé levantado: simboliza a liberação. Ele dança sobre um demônio que representa a escuridão e o mal, estando portanto acima da ignorância. O  demônio Apasmarapurusa representa o ego a ser eliminado. 
- a pele de tigre: animal feroz, que devora sua presa sem compaixão, o tigre representa o desejo que consome os seres humanos, eternos insatisfeitos. Ao vestir a pele do tigre Shiva demonstra que matou o desejo, sobrepôs-se a ele. - a pele de elefante: como o elefante é um animal poderoso, usar sua pele implica que o deus subjugou completamente os impulsos animais.
- olhos e cabelo: o sol e a lua formam seus olhos e todo o céu, o vento soprando forma o seu cabelo. Por isso Shiva é chaamdo de Vyomakesa, aquele que tem o céu e o espaço como cabelo.

Shiva pode ser representado tendo de duas a 32 mãos. Alguns dos objetos mostrados em suas mãos são:

- trishula: o tridente, arma importante de ataque e defesa, indicando que Shiva é o senhor supremo. Filosoficamente representa os três gunas ou os três processos da criação, preservação e destruição. Aquele que carrega o tridente é o mestre dos gunas e dele são provenientes os processos cósmicos.
- damaru: o tambor que Shiva toca ao dançar. Produz sons sagrados conhecidos como Maheswarasutras. Representa a linguagem e o som. Ao segurá-lo em suas mãos, o deus demonstra que toda criação, incluindo as várias formas de artes e ciências, provêm dele e de sua dança.
- khatvanga: varinha mágica com um crânio na ponta, mostra que ele é um adepto das ciências ocultas.
- darpana: espelho, indica que toda criação nada mais é do que um reflexo de sua força cósmica.

Se Shiva representa o princípio da destruição, ao mesmo tempo ele também é responsável pela criação e existência – porque, no fim das contas, a trindade é apenas um. Brahma, Vishnu e Shiva são como que “estágios” de um mesmo ciclo infinito de criação, permanência e destruição que abre espaço para a nova criação.

A dança de Shiva Nataraja (nata significa bailarino e raja, real) tem esse significado de um processo contínuo. Segundo a lenda, ele dança todas as noites a fim de liberar o sofrimento de todas as criaturas e divertir os deuses, sendo por isso chamado também de Sabhapati,  o senhor da congregação. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nadi Shodhana Pranayama

Conheça Nadi Shodhana, a técnica respiratória (pranayama) que será tema da próxima aula GRATUITA, no Parque Ibirapuera, sábado, 22 de outubro.
Veja um vídeo que ensina a técnica, publicado no blog Yoga Pela Paz.

domingo, 16 de outubro de 2011

Lakshmi, a Deusa da Fortuna


Nesta terça, 18 de outubro, aula GRATUITA sobre Lakshmi, a Deusa da Fortuna, no Parque Ibirapuera. Saiba mais sobre seu significado neste texto extraído do livro "Ayurveda, A Cultura de Bem-Viver, de Márcia De Luca e Lúcia Barros."



Lakshmi – a Deusa da fortuna





A deusa da fortuna, do poder e da beleza é consorte de Vishnu, o preservador.  Quando aparece na companhia dele, sua imagem tem apenas duas mãos, nas quais ela carrega uma flor de lótus, padma, e uma concha, sanka.

Muitas vezes elefantes a acompanham, nela esguichando água. Sua cor varia de acordo com o significado desejado:
- quando aparece azul-escura: lembra que é a consorte de Vishnu, que é azul-escuro;
- quando surge dourada ou amarela: remete à idéia de que é a fonte de toda riqueza;
- quando é representada branca: indica a pureza do universo;
- quando se apresenta rosa, seu aspecto mais comum: significa compaixão, pois é a mãe de todos nós.

Nos templos dedicados a Lakshmi, ela é mostrada sentada em um trono feito por um lótus, com quatro mãos – que indicam seu poder de conferir os quatro purusarthas, ou propósitos da vida humana.
- dharma – propósito de vida, representado por flores de lótus em variados estados de desabrochamento, assim como nós experimentamos diversos estágios de evolução;
- artha – riqueza construída com o fruto de nosso trabalho, por isso representada por uma fruta;
- kama – desejo
- moksha – liberação, é o lado mais espiritual da vida. Representado por um bilva, fruto indiano que não é gostoso nem atraente, mas muito bom para a saúde.

Quando aparece com 8 mãos, arco e flecha, machado e disco são adicionados aos pertences de Lakshmi. Esse é o aspecto de Mahalakshmi, ou a Grande Lakshmi, a guerreira.

Essa deusa se faz acompanhar por uma coruja, uluka em sânscrito – nome antigo de Indra. Como deusa da fortuna, Lakshmi  não poderia ter escolhido melhor companhia do que o rei dos deuses, que personifica toda a riqueza, poder e glória a que os seres humanos aspiram. Ao mesmo tempo, a imagem é uma advertência para aqueles que desejam apenas fortuna material esquecendo-se da riqueza espiritual: a glória de Indra é comparada à feiúra e deficiência visual da coruja, pássaro parcialmente cego.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Kundaliní, o Poder Serpentino e os Chacras


Neste sábado, dia 8 de outubro, o tema da aula é o poder do 4º chacra. Saiba mais neste texto publicado no blog do Yoga Pela Paz


Kundaliní, o Poder Serpentino e os Chacras
Por Pedro Kupfer (para o site www.yoga.pro.br)



O Yoga vê o homem como um reflexo do macrocosmos. A energia criadora que engendra o Universo manifesta-se no homem, que não está separado nem é diferente dela. O nome dessa energia é kundaliní. A nossa consciência individual é apenas uma das suas dimensões, pois energia e consciência não são coisas separadas. A ciência concorda com o Yoga em que o universo é um verdadeiro mar de energia. Eles diferem, entretanto, quanto ao significado dessa constatação. O Yoga diz que ela possui implicações pessoais profundas. Se a matéria é de fato vibração, então o corpo humano, que faz parte do mundo material, também está feito de energia. Consciência e energia estão intimamente ligadas, sendo dois aspectos da mesma realidade.O corpo humano não é apenas matéria inconsciente ou uma carcaça habitada por uma alma etérea, mas uma realidade vibratória animada pela mesma consciência que anima a própria mente. Por isso, deveríamos deixar de vê-lo como algo diferente do nosso ser "invisível". Pense no seu corpo como um receptáculo de energia cósmica, um aglomerado de átomos conscientes, construído à imagem do macrocosmos. A consciência vibra em cada uma das suas células, o prána está presente em todos seus tecidos. Quando corpo e mente se unem, a consciência do corpo sutil começa a revelar-se.O Yoga afirma: você é a própria existência. Toda divisão do tipo corpo-mente, carne-espírito etc. é pura especulação. A diversidade aparece dentro da Unidade, sem separar-se dela. A existência é uma continuidade que se estende desde o princípio da Consciência (Purusha) até o aspecto mais denso da matéria. O microcosmos reflete o macrocosmos: o infinitamente grande é igual ao infinitamente pequeno. É sabido que o homem utiliza menos de dez por cento da capacidade do seu cérebro. O Yoga é um caminho para desenvolver os outros noventa por cento e penetrar em dimensões desconhecidas do nosso ser.Kundaliní é a detentora da força, o suporte e o poder que move não apenas o indivíduo, mas também o Universo. Macrocosmicamente, ela é Shaktí,Prakriti, a manifestação do poder de Shiva. Na escala humana é a energia, o motor, a causa do movimento e da vida do indivíduo. O despertar dessa força conduz à iluminação. A kundaliní representa-se no homem como uma serpente adormecida, enrolada três vezes e meia em torno do shivalingam (o falo, símbolo do poder gerador masculino), obstruindo com a sua cabeça a entrada da sushumná nádí, o canal mais importante dos que veiculam os alentos vitais, situada na base da coluna vertebral, no chacra chamadomúládhára.O despertar da kundaliní produz um calor muito intenso. A sua ascensão através dos chacras, num processo sistemático e gradual, desenvolve poderes latentes. O processo consta de duas etapas: na primeira, o yogin procederá à saturação prânica do organismo através dos exercícios, a segunda é o despertar em si. A técnica consiste em concentrar o prána emidá e pingalá nádí, levando essa energia para o múládhára chacra. O iogue faz com que o prána chegue até onde reside a kundaliní, cessando esta então de circular pelas duas nádís e concentrando-se na entrada da sushumná, que está bloqueada pelo primeiro nó, o brahmagranthi.Transposto este obstáculo, acontece o despertar e desenvolvem-se os fenômenos subsequentes: ascensão pela sushumná nádí, penetração e ativação dos centros de força e samádhi, que acontece quando a serpente chega ao sétimo chacra, chamado sahásrara, no alto da cabeça: "Um clarão intensamente abrasador brota no corpo. Kundaliní adormecida, aquecida por esse abrasamento, desperta. Tal como uma serpente tocada por uma vara, ela levanta-se sibilando; como se entrasse em sua toca, introduz-se nabrahmanádí (sushumná)." Hatha Yoga Pradípika, III:67-6.Os chacras são os centros de captação, armazenamento e distribuição de energia no corpo. Literalmente, chacra significa roda, disco ou círculo. Também recebem o nome de padmas ou lótus. Existem milhares de centros de força distribuídos pelo corpo todo, porém, para efeito da prática, nos ocuparemos apenas dos sete principais, que se encontram ao longo da coluna vertebral e na cabeça. Eles são: múládháraswádhisthánamanipura,anáhatavishuddhaájña e sahásrara chacra. Estão unidos entre si pelasnádís, os canais de circulação da energia, como se fossem pérolas de um colar.A aparência desses chacras é circular, brilhante, como pequenos CDs, de quatro ou cinco dedos de largura, que giram vertiginosamente. O elemento que corresponde a cada chacra determina a sua cor. Cada um tem um bíja mantra, isto é, um som semente, ao qual responde quando é devidamente estimulado. Representam-se com um número definido de pétalas, sobre as quais aparecem inscritos fonemas do alfabeto sânscrito, os bíjas menores, que simbolizam as manifestações sonoras do tipo de energia de cada chacra. Dessa forma, cada fonema estimula uma pétala definida de um chacra. Esse é o motivo pelo qual o sânscrito é considerado língua sagrada: o seu potencial vibratório produz efeitos em todos os níveis.Cada chacra tem igualmente uma deidade e uma shaktí, com diferentes nomes, atributos, emblemas etc. Isto não significa que no corpo sutil existam pequenas imagens de deusas e deuses cheios de braços e cabeças, e armados até os dentes, assim como não há neles diagramas geométricos ou animais imaginários. São símbolos das propensões e latências samskáricasassociadas a cada centro. Esses símbolos falam diretamente à mente subconsciente. Não precisam ser "interpretados". A única coisa a fazer é observar-se frente a eles, e às emoções que despertam.Quando você visualiza, por exemplo, uma shaktí carregando uma caveira cheia de sangue ou uma espada na mão, deve prestar atenção à reação que essa imagem provoca na sua consciência. Isso tem por objetivo detectar seus condicionamentos, para poder trabalhar sobre eles. Preste muita atenção a esses detalhes. Observe-se atentamente o tempo todo, porém, com mais cuidado ainda enquanto acompanha a construção mental dessa parte dos chacras. Compare essas vivências e seus resultados, e veja como elas mudam de chacra para chacra. Se em algum momento você percebe que um símbolo destes provoca uma reação como medo ou surpresa em você... atenção! Pode ser sinal de que poderá ter uma revelação sobre si próprio nos próximos minutos. Observe-se. Observe-se o tempo todo.Entretanto, a experiência com essas imagens só pode ser aproveitada devidamente quando o praticante consegue um bom grau de auto-observação. Se você for iniciante, pule a descrição das deidades e trabalhe apenas sobre os símbolos geométricos e as cores dos tattwas, que já são por si só muito poderosos. Existe uma analogia entre os chacras e os diversos plexos do corpo físico, mas é um erro querer identificá-los com as partes da anatomia humana.Ao meditar nos chacras, você não deve prestar atenção ao corpo físico, mas ao corpo sutil, no espaço interior. Pense nos chacras como redemoinhos com o centro mais claro que as extremidades, girando vertiginosamente em ambos os sentidos. Você poderá perguntar: "em ambos os sentidos? Como assim?" Assim mesmo. Os chacras giram em ambos os sentidos. E giram muito rapidamente.O processo respiratório não é apenas inspirar ou apena expirar. Os chacras não giram só para a direita ou só para a esquerda. O universo é expansão e recolhimento, em todos os planos. Quando se medita sobre um chacra, uma das coisas que se precisa fazer é ver qual é o movimento dominante nele, se horário ou anti-horário. O movimento horário faz com que o chacra projete energia para fora. O anti-horário é para captar energia do ambiente. Isto é fácil de se conseguir com um pouquinho de prática, usando a intuição. Raramente falha.Como acabar definitivamente com a dúvida sobre o sentido do giro? Yata Brahmande tata pindade: assim como é no Universo, assim também é no ser. O mesmo exemplo que se usa na física para explicar o fluxo dos campos magnéticos, se aplica perfeitamente ao movimento dos chacras.Faça assim: feche o punho da sua mão direita e deixe o polegar para cima. Com uma caneta, desenhe uma flecha na gema do polegar e uma flecha nos lados visíveis dos dedos indicador e mínimo, com as pontas voltadas em direção às unhas.Lembre que a energia sempre circula desde o punho para as pontas dos dedos. O polegar simboliza a energia que entra ou sai do chacra. Vamos checar, por exemplo, em que sentido está girando neste momento seu swadisthána chacra. Feche os olhos e concentre-se no chacra.Observe-o, respirando profundamente durante alguns instantes. Concentre-se no sentido do giro. Se o chacra estiver girando em sentido horário (ou seja, se estiver girando no mesmo sentido que os ponteiros do relógio, quando você olha de frente para ele), você apoia o punho com o lado do dedo mínimo voltado para o seu ventre.O giro do chacra coincide com o sentido da seta que você desenhou no dedo mínino. Aí você repara que a energia está saindo, conforme indica a seta do seu dedo polegar. Se for ao contrário, se o seu chacra estiver captando energia do ambiente, ele tenderá a girar em sentido anti-horário. Nesse caso, observe a seta desenhada no seu dedo indicador e volte o polegar em direção ao seu ventre. Isso vai lhe dar a pauta do movimento predominante. Mas não esqueça que eles giram em ambos os sentidos.Faça o seguinte experimento: encha um aquário com água limpa. Prepare separadamente dois copos de água tingida com anilina da mesma cor: um deve ser de cor bem intensa, enquanto o outro deve ter uma cor mais clara. Jogue ambos os líquidos coloridos ao mesmo tempo no aquário e observe. O que você vê? Quando as águas se misturam, dá a nítida sensação de que a cor mais forte está "entrando" na cor mais clara. Mas, em verdade, o que acontece é que as partículas de água mais clara também estão "entrando" na água mais escura. Da mesma forma, quando você vê um chacra girando, apenas percebe o movimento aparente dele, aquele que prevalece. Os chacras sempre giram em ambos os sentidos, mas sempre predomina um.Pedro Kupfer é professor de Yoga, mora em Mariscal - SC e é editor do site http://www.yoga.pro.br/inicial.php.