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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Digestão Ayurvédica

Por dr. José Ruguê Junior

Publicado no blog yoga pela paz

Todos os alimentos que entram em nosso organismo – sejam eles físicos, como os alimentos sólidos, líquidos e o ar; sejam eles mentais, como impressões, pensamentos e emoções – devem passar por um processo de metabolização ou digestão, para serem assimilados devidamente.

Isto acontece em três níveis principais:

- Da digestão geral, que começa na saliva e vai até o intestino, chamada digestão primária.
- Do fígado, onde os nutrientes assimilados passam pela digestão secundária, específica dos cinco grandes elementos – terra, água, fogo, ar e espaço.
- Das células, o principal objetivo de toda nutrição, levar ao nível das células os nutrientes e o oxigênio, para que as células possam desempenhar suas funções dentro dos tecidos e estes dentro dos sistemas para a harmonia do funcionamento do organismo. É chamado nível celular ou terciário da digestão.

Assim, todos os alimentos, físicos e mentais, quando digeridos nesses três níveis, se transformam em três tipos de substâncias:

- Os nutrientes, que devem ser absorvidos e se transformarão em estrutura, em energia e participarão das diversas funções de nosso corpo e mente.
- Os dejetos, que são aquela parte dos alimentos que não será absorvida pelo organismo e que deve ser eliminada, mas que, enquanto está no organismo saudável, desempenha funções primordiais, como por exemplo, formação do bolo fecal. As fibras na dieta têm esse papel. Também estão incluídos nos dejetos os produtos de excreção da digestão celular.
- A energia sutil dos alimentos, que vai se incorporar, formar e nutrir nossa mente. Esta energia sutil, presente em todos os alimentos físicos ou mentais, se manifesta por meio de seus atributos, os gunas, gerando na mente o "campo" para a harmonia (sattwa), para a atividade excessiva (rajas) ou para a inércia (tamas).

Portanto, os alimentos devem ser observados não só pelo seu valor nutricional (vitaminas, proteínas, carboidratos, microelementos), mas também pela capacidade de produzirem em nossas mentes essas trigunas.

A mente reage ao mundo de acordo com o predomínio de uma destas qualidades, o que determina uma reação nossa diante da vida, de caráter harmonioso, agitado ou obscuro. E estas qualidades se impregnam em nossa mente de acordo com a guna daquilo que nos serve de alimento: comida, impressões, pensamentos e emoções. Isto explica como, dentro do Ayurveda, uma dieta sattwica é prescrição primordial para o tratamento de problemas psiquiátricos!

Formado em 1981 em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia, com título de especialista em Terapia Intensiva pela AMIB em 1985. Chefe da UTI do Hospital Santa Genoveva de Uberlândia de 1985 a 1999, Dr. Ruguê foi diretor clínico desse hospital por vários anos. Conviveu com seu mestre, Sri Vájera Yogui Dasa (grande erudito da ciência védica e yóguica) no Brasil e no Chile, de 1973 a 1984. Membro do corpo docente da International Academy of Ayurveda, Presidente do Movimento Mundial de Ayurveda, com sede em Milão – Italia e membros em todo o mundo. Dá cursos por todo Brasil, Portugal, Itália. http://www.suddha.net


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Workshop Yoga Pela Paz

Publicado no blog yoga pela paz

De 22 a 24 de agosto, o Yoga pela Paz 2011, em parceria com o Yoga Flow Ciymam, apresentará um workshop de aprofundamento com os professores mais renomados do mundo. R. Dina, 100 - Vila Nova Conceição, SP

8h às 11h – Prática de Ashtanga Vinyasa Yoga, com Lucy MartorellaPrática intensa e transformadora em aulas no estilo Mysore com uma das primeiras alunas ocidentais do criador do método Pattabhi Jois. Para todos os níveis de praticantes.

14h às 17h – O Poder Feminino de Cura, com Maya TiwariNesse workshop Mother Maya ensina as práticas lunares para mulheres de todas as idades, parte da ancestral ciência do Ayurveda. O curso ensinará como cuidar da saúde do sistema reprodutor, retomar os ciclos naturais em acordo com o ritmo lunar e restaurar a beleza feminina. Para todos os níveis de praticantes. (Leia mais sobre Mother Maya AQUI)

19h às 21h – Kirtan Class, com Krishna DasCantor de mantras reconhecido mundialmente, Krishna Das compartilhará as experiências de seu caminho de evolução e nos ensinará a cantar mantras para usufruirmos de seu poder de cura. Para todos os níveis de praticantes.

Investimento:3 Dias Completos - R$576,00
1 dia Completo - R$216,00
Aula Avulsa - R$80,00

Inscrições:tel: (11) 3168-5096 (11) 3168-5096
Email: andrea@marciadeluca.com.br

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Seja um voluntário Yoga pela Paz

Nosso evento precisa de muita ajuda para acontecer e nós contamos com a sua! Participe da nossa reunião no dia 1 de agosto as 12hs ou mande um email para yoga@yogapelapaz.org.

R. Joaquim Floriano, 1050B - Itaim Bibi (São Paulo - SP)

terça-feira, 26 de julho de 2011

...::: Ctrl+Alt+Del ......com PRANA MUDRA:::...

Por Marlei Caroli

Publicado no blog yoga pela paz

Também conhecido como shanti mudra – O gesto da Paz.

Sente-se numa postura confortável e relaxe todo o corpo, especialmente abdômen, braços e mãos (direita sobre a esquerda).

Depois de uma exalação pratique mula bandha (fecho da raiz - saiba mais AQUI) e retenha o ar fora dos pulmões por alguns instantes. Comece a inspirar, sinta o prana (energia vital) subir do chakra básico ao chakra do plexo solar.

Continue inalando e sentindo o prana subir, passar pelo chakra do plexo solar e pelo chakra do coração enquanto expande o peito. Simultaneamente eleve as mãos pelos lados abrindo os braços e una-as à frente do peito em anjali mudra. Faça uma leve pausa na inspiração.

Encha mais os pulmões e sinta o prana subir do chakra do coração até alcançar o chakra do terceiro olho, retenha a respiração levemente sentindo a energia vital. Simultaneamente, eleve as mãos pelos lados abrindo os braços e una-as à frente do terceiro olho.

A partir daí sinta o prana expandir do ajna chakra (terceiro olho) para bindu e sahasrara e visualize uma aura de pura luz emanando do topo de sua cabeça. Eleve as mãos em anjali mudra acima do sahasrara (coroa).

Sinta todo o seu ser irradiando vibrações de paz para todos os seres vivos.

Retenha o ar e a postura o quanto for confortável.

Exale, descendo os braços pelos lados e volte à postura inicial. Durante a exalação, sinta o prana descer progressivamente através de cada chakra, lembre-se sempre de retornar o prana ao chakra básico. Respire naturalmente, sinta a coluna alinhada e relaxe todo o seu corpo.

Mais sobre os chakras:Chakras: centros de desenvolvimento psicoespiritual (Por Rosana Biondillo)

Marlei Caroli dará aula no Yoga pela Paz 2011, dedica-se ao estudo das filosofias do oriente, em particular o Yoga, hinduísmo e budismo. Formada instrutora de Yoga no curso de pós-graduação da FMU-SP e Kaivalyadhama Yoga Institute – Lonavla (Índia) participou de vivências meditativas e yógicas em ashrams e monastérios. Utiliza várias fontes de conhecimento, abordagens tradicionais e contemporâneas em seu trabalho de equilíbrio integral. Influências que resultam numa linguagem afinada com corpo, mente e espírito; um olhar amoroso onde os opostos se complementam, criando uma proposta de estilo de vida que traduz seu ideal: liberdade!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sequência para fortalecimento da região pélvica e abdominal.

Por Sylvia Freire

Publicado no blog http://infinityoga.blogspot.com

Esta é uma sequência simples e fácil de ser executada, que tonifica e fortalece a região pélvica e abdominal. Estas áreas do corpo devem estar fortes e saudáveis, pois, dão sustentação aos orgãos abdominais. Os movimentos são suaves massageando toda a coluna principalmente a região lombar. Alivia desconfortos e dores na lombar. Alonga também a parte interna das coxas e virilhas.

Energeticamente ativamos os três chakras localizados nesta região. O chakra da raiz, Muladhara, localizado na base da coluna, através da contração dos esfícteres. Este chakra é responsável pelas nossas necessidades mais básicas como comer, dormir, descansar. Svadhistana, chakra da sensualidade, localizado um pouco abaixo do umbigo. E o chakra Manipura, localizado no plexo solar, ativa a energia do abdome, conferindo assim saúde para todos os orgãos abdominais. Este chakra é responsável pela nossa força de vontade e determinação.

Nesta série trabalhamos também os bandhas. Bandhas são travas que tem por objetivo não deixar a energia destas regiões se dissipar. Mula Bandha (contração dos esfícteres) e Uddiyana Bandha (contração do abdome para dentro e para cima).

Durante toda a sequência a respiração deve ser consciente, ampla, profunda, suave e fluida.

Esta sequência pode ser feita isoladamente como uma prática suave e restaurativa. Pode também ser um aquecimento inicial para posterior prática de posturas sentadas ou em pé, ou ainda, ao final da prática como forma de trazer estabilidade `a coluna.

Inicia-se e finaliza-se na mesma posição, Savasana (postura do morto). Observe os movimentos da coluna. Vamos lá.

Savasana

Inicie em Savasana (postura do morto) com o corpo bem relaxado. Observe o corpo estável na posição. Fique bem a vontade nesta posição e tome consciência de todas as partes do corpo (pés, pernas, coluna, ombros, braços... área abdominal e pélvica). Observe também a sua respiração. Faça algumas respirações profundas e amplas e vá relaxando a cada expiração.

Apanasana

Flexione os joelhos e abrace as pernas em Apanasana (postura dos joelhos no peito). Relaxe os ombros, as pernas, mantendo o cóccix no chão.

Eleve a cabeça aproximando-a aos joelhos. Permaneça na posição por algumas respirações concentrando-se na contração do abdome, procurando relaxar os ombros minimizando o esforço do pescoço. Retorne a cabeça e relaxe. Faça este movimento 3 vezes.

Apoie os pés no chão deixando-os paralelos e na largura do quadril. Toda e extensão da coluna em contato com a terra, do cóccix `a cabeça. Os braços ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas para baixo.

Setu Bandha Sarvangasana

Num movimento de inspiração eleve o quadril a partir do cóccix e vá aproximando o peito do queixo em Setu Bandha Sarvangasana (postura da ponte). Permaneça na posição por algumas respirações. Mantenha a região do assoalho pélvico contraída em Mula Bandha (contração dos esfícteres).

Num movimento de expiração retorne o quadril ao chão e relaxe. Faça Setu Bandha Sarvangasana por 3 vezes. Relaxe e observe o seu corpo.

Viparita Karani

Aproxime as coxas ao abdômen e estenda as pernas em direção ao céu em Viparita Karani (postura das pernas elevadas). A coluna deve estar colada na terra, as pernas bem estendidas num ângulo de 90 graus e os pés "flex". O peito deve estar aberto e os ombros apoiados no chão. Permaneça na posição por algumas respirações. Faça por 3 vezes e relaxe flexionando os joelhos novamente.

Afaste os joelhos e segure os pés com as mãos entrelaçadas em volta deles. Nesta posição a coluna permanece colada na terra, os braços estendidos e os ombros apoiados no chão. Os calcanhares se aproximam das virilhas e os joelhos se afastam.

Eleve a cabeça e permaneça na posição por algumas respirações mantendo a contração do abdome. Ative Mula Bandha, contraindo os esfícteres. Retorne a cabeça e relaxe. Faça este movimento por 3 vezes.

Supta Baddha Konasana

Repouse os braços ao longo do corpo e apoie os pés no chão posicionando-se em Supta Baddha Konasana (postura reclinada em ângulo fechado). Relaxe o corpo na posição e coloque a sua atenção na região do assoalho pélvico. Vamos fortalecer a musculatura pélvica, contraindo e relaxando os esfícteres ritmadamente em Asvine Mudra. Faça este movimento por 10 vezes. Relaxe e observe o seu corpo.

Estenda os braços para trás e inspire profundamente expandindo totalmente os pulmões ....naturalmente descolando a região lombar da terra.... a lombar se arca formando uma ponte...

ao expirar vá gradualmente relaxando os braços, colando a lombar no chão, contraindo o abdome em Uddiyana Bandha, deixando toda a coluna em contato com o chão e por fim contraindo os esfícteres em Mula Bandha. Mantenha os Bandhas por algumas respirações e relaxe. Faça este movimento por 3 vezes.

Retorne os braços deixando-os ao longo do corpo. Faça a postura do peixe, Matsyasana. Apoie o topo da cabeça, os cotovelos, o cóccix e os pés no chão. Mantenha as pernas em Badha Konasana. Permaneça por algumas respirações.

Matsyasana

Permaneça em Matsyasana (postura do peixe) apenas estendendo as pernas. Faça algumas respirações e relaxe.

Jathara Parivartanasana

Para finalizar faça uma suave torção em Jathara Parivartanasana (postura da torção do abdome) e durante a permanência relaxe na posição e faça algumas respirações profundas.

Jathara Parivartanasana

Faça o mesmo para o outro lado.

Savasana

Finalize em Savasana, com o corpo totalmente relaxado. Apenas observe o corpo e a respiração por alguns minutos. Para sair desta posição flexione os joelhos, deixando as pernas cairem para um dos lados e sente-se devagar.

Namastê!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fogo Digestivo

Por dr. José Ruguê Júnior

Publicado no blog yoga pela paz

Agni é a capacidade de transformação dentro do nosso organismo. É o elemento fogo que tem o poder digestivo e metabólico. Este fogo digestivo é essencial para o processo de conversão da comida em nutrientes, é ele quem transforma o “não-eu” em “eu”, ou seja, transforma e metaboliza todas as refeições em nutrientes que possam ser assimilados pelas nossas células e fazer parte do nosso organismo.

A vida é dependente da existência da comida, da água e do ar que respiramos, mas para a sua utilização na geração a vida, eles precisam ser processados bioquimicamente. O Ayurveda considera o agni a raiz da saúde humana e, quando em desequilíbrio, é a causa de qualquer doença.

O brilho da pele, força, saúde, vigor, crescimento, desenvolvimento, digestão, vitalidade dependem do estado normal e saudável de nosso fogo digestivo.

Se o agni torna-se fraco, o processo digestivo e metabólico é prejudicado. A digestão incompleta ou anormal induz à formação de substâncias tóxicas no organismo chamadas ama, que provêm do alimento parcialmente digerido. Ama infecta os doshas aumentados e os torna tóxicos em natureza. Quando tratamos qualquer doença severa, ama deve ser eliminada primeiramente. Para isto, aumentamos a função do agni até o seu nível saudável e então o tratamento é direcionado para reduzir a quantidade aumentada do dosha relacionado com a doença.

Formado em 1981 em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia, com título de especialista em Terapia Intensiva pela AMIB em 1985. Chefe da UTI do Hospital Santa Genoveva de Uberlândia de 1985 a 1999, Dr. Ruguê foi diretor clínico desse hospital por vários anos. Conviveu com seu mestre, Sri Vájera Yogui Dasa (grande erudito da ciência védica e yóguica) no Brasil e no Chile, de 1973 a 1984. Membro do corpo docente da International Academy of Ayurveda, Presidente do Movimento Mundial de Ayurveda, com sede em Milão – Italia e membros em todo o mundo. Dá cursos por todo Brasil, Portugal, Itália. http://www.suddha.net

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ferramentas para sua Prática

Por Núbia Teixeira

Publicado no blog yoga pela paz

O Yoga tem formas de aumentar e direcionar a energia do nosso corpo para otimizar os resultados da prática. Essas ferramentas estão disponíveis em nosso próprio corpo a qualquer momento, dentro ou fora do nosso tapete de prática.

De acordo com a prática do Yoga, o caminho da respiração é dividido em quatro fases:
1) Puraka – inspiração.
2) Rechaka – expiração.
3) Kumbhaka ou antara kumbhaka – retenção com ar.Retenção com ar deve ser evitada por pessoas com problemas do coração ou pressão arterial alta.
4) Shunyaka ou bahya kumbhaka – retenção sem ar.

Durante kumbhaka o corpo tem tempo para assimilar o prana (energia vital). Depois de sua inspiração, depois de trazer mais ar e prana para seu corpo, você pode direcionar essa energia para seu sistema de nadis (canais de energia vital do corpo). Com shunyaka o corpo se torna mais receptivo, vazio e limpo antes de receber o ar novamente.

Matra – significa parte, porção, é a unidade de contagem que estabelece o ritmo.

A respiração registra e reflete todas as variações das flutuações emocionais e mentais. Quando interferimos no ritmo inconsciente da respiração, podemos mudar nossos padrões de comportamento emocional e mental.

Os ritmos mais comuns são:
Um para inspiração e dois para expiração.Um para inspiração, um para retenção com ar, dois para expiração e um para retenção sem ar.

Bandha – são fechos de energia ou selos que ajudam a ativar vários pontos energéticos no corpo. Ao contrair determinados músculos, nervos, órgãos e glândulas e levar nossa atenção a essas áreas, canalizamos energia para partes específicas e por todo o corpo.

Jalandhara bandha – você encontrará esse fecho tocando o queixo no centro da clavícula, sem tensionar os ombros. Esse bandha evita que a energia do sahasrara (chakra coronário) se mova para baixo e queime com o fogo digestivo. Jalandhara bandha também abre o fim da coluna cervical, permitindo que a energia se mova livremente da base da coluna até o topo da cabeça.

Uddiyana bandha – contração dos músculos abdominais, na área entre o umbigo e a pélvis. Isso promove uma massagem dos órgãos internos e desperta a energia do manipura chakra (localizado na parte baixa do abdome, representa o sol em nosso corpo).

Mula bandha – contração e elevação dos músculos do períneo (a área entre os genitais e o ânus). Estimula o sistema nervoso central e o muladhara chakra (chakra raiz) além de trazer estabilidade e conexão com a terra.

Quando esses três bandhas são feitos ao mesmo tempo, recebem o nome de bandha traya.

O jalandhara bandha movimenta o prana do coração em direção ao abdome, enquanto o mula bandha com uddiyana bandha movimentam o apana (vento descendente do corpo, responsável pelas eliminações) para cima a partir do chakra raiz.

Jiva bandha ou kechari mudra – Pressão da ponta da língua no palato mole (parte mole do céu da boca). Essa ação promove uma massagem na glândula pituitária.

Drishti – Significa olhar fixamente, voltar a atenção para uma parte específica do corpo, fixando seus olhos e atenção neste ponto (ekragata). Essa técnica facilita a meditação.

Nasagra drishti – Olhar fixo na ponta do nariz.

Bhrumadhya drishti – Olhar fixo no ponto entre as sobrancelhas, ou ajna chakra, o ponto que abre a intuição e a concentração.

Todos esses elementos serão combinados de forma diferente para cada tipo de exercício respiratório e podem também ser usados na prática de asanas.

"Não existe asana como siddhasana, não existe força como a que kumbhaka promove, não existe uma mudra como kechari mudra, e não existe dissolução como nada (som primordial)" Shiva Samhita

Leia também:

Exercícios de respiração por Gustavo Ponce: parte 1 e parte 2.

Respiração para equilíbrio dos hormônios por Márcia De Luca.

Nubia Teixeira será uma das participantes do Yoga pela Paz 2010. Começou a praticar Yoga aos 16 anos e passou os últimos 20 anos se dedicando às artes de cura, Bhakti Yoga (Yoga Devocional) e à dança clássica indiana conhecida como Odissi.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sabores da Saúde

Por Madú Cabral
Publicado no blog yoga pela paz

O Ayurveda, sistema milenar de cura indiano relacionado ao Yoga, explica que a saúde não é apenas a ausência de doenças e sim a sensação de bem-estar integral, que envolve sentimentos e pensamentos além do estado de nosso corpo físico.

Uma forma simples e eficiente de equilibrar a saúde é pela alimentação, já que todos nós precisamos comer todos os dias. O Ayurveda ensina que uma forma de buscar esse equilíbrio na alimentação é pela combinação dos seis sabores (doce, ácido, salgado, picante, amargo e adstringente).

Nem sempre relacionamos o que comemos com nosso estado mental e sentimentos, mas nosso almoço pode estar diretamente ligado à irritação no trânsito de tarde. Os alimentos estão tão relacionados com nossos sentimentos que a palavra em sânscrito para sabor, rasa, significa também emoção ou estado de espírito.

Devemos equilibrar a quantidade de cada um dos sabores segundo nossa constituição física (doshas). Nossos corpos, assim como os sabores e tudo no Universo, são formados por uma combinação dos cinco elementos (terra, água, fogo, ar e éter) em diferentes proporções. Desta forma, alguém com muito ar na constituição (pessoas do dosha vata) deve evitar o excesso dos sabores que também são constituídos por ar (picante, amargo e adstringente).

O simples hábito de prestar atenção no sabor do que comemos pode garantir mais equilíbrio e bem-estar. Só que isso não é possível se o almoço for um sanduíche engolido enquanto respondemos e-mails entre uma reunião e outra. A alimentação é uma ótima oportunidade de aplicarmos fora das salas de aula o que aprendemos sobre Yoga.

Descubra qual o seu biótipo ayurvédico AQUI.

Doce (água + terra)
Diminui: vata e pitta
Aumenta: kapha
Equilibrado: contentamento e prazer (carboidratos complexos)
Desequilibrado: letargia e ansiedade (açúcar)

Ácido (terra + fogo)
Diminui: vata e kapha
Aumenta: pitta
Equilibrado: desperta a mente e os sentidos (iogurte e frutas ácidas)
Desequilibrado: tontura, raiva e impaciência (álcool)

Salgado (fogo + água)
Diminui: vata
Aumenta: kapha e pitta
Equilibrado: acalma os nervos e reduz a ansiedade (algas marinhas)
Desequilibrado: raiva, impaciência e letargia (sal)

Picante (fogo + ar)
Diminui: kapha
Aumenta: vata e pitta
Equilibrado: abre a mente e os sentidos (gengibre e cardamomo – suaves)
Desequilibrado: raiva e impaciência (pimentas fortes)

Amargo (ar + éter)
Diminui: pitta e kapha
Aumenta: vata
Equilibrado: clareia os sentidos e emoções (aloe vera)
Desequilibrado: ansiedade, medo e insôniaAdstringente (terra + ar)
Diminui: pitta e kapha
Aumenta: vata
Equilibrado: "esfria a cabeça" e remove a letargia (lima da pérsia)
Desequilibrado: ansiedade, preocupação, medo e insônia (tanino)

Fontes: Carolina Alencar (naturóloga, terapeuta Ayurvédica)
carualencar@hotmail.com

terça-feira, 5 de julho de 2011

A importância do vegetarianismo para a prática de Yoga

Por Marly Winckler

Publicado no blog yoga pela paz.

A palavra Yoga vem do sânscrito yuj, que significa união. Segundo a filosofia hindu, a alma humana, ou Jivatma, é uma faceta ou expressão parcial da superalma, ou Paramatma, a Realidade Divina, fonte do universo manifestado. Embora, em essência, os dois sejam o mesmo e indivisíveis, ainda assim, Jivatma tornou-se subjetivamente separado de Paramatma e está destinado, depois de atravessar um ciclo evolutivo no universo manifestado, a unir-se outra vez com Ele, em consciência. Este estado de unificação dos dois, bem como o processo mental e a disciplina por intermédio da qual esta união é atingida, são ambos chamados de Yoga1.

Patanjali foi o grande compilador da tradição milenar da Yoga – e o fez de maneira magistral. O sistema delineado por Patanjali constitui-se de oito partes, denominado Ashtanga Yoga. O sistema contempla oito angas ou membros, concebidos como estágios que se sucedem numa sequência natural. São eles: yama, niyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana, samadhi.

Construção do caráter

Os dois primeiros angas do Yoga, yamas e niyamas destinam-se a prover uma base moral adequada para o desenvolvimento do Yoga. Para os propósitos desse artigo ficaremos apenas com yamas, o primeiro aspecto.

Yamas são os votos de autorrestrição ou abstenções e compreendem cinco partes: ahimsa (abstenção da violência), satya (verdade), asteya (abstenção de roubar) brahmacharya (abstinência sexual), aparigraha (abstenção da cobiça). Para os propósitos desse artigo, nos concentraremos tão somente no primeiro tópico de Yama, ahimsa.

Ahimsa é a abstenção de todo e qualquer tipo de violência. Não significa apenas não matar, mas não infligir voluntariamente qualquer dano, sofrimento ou dor a qualquer ser vivo, por palavras, pensamentos ou ações. Significa o mais alto grau de inofensividade.

Ahimsa é parte da preparação preliminar para a prática do Yoga, base para a construção do edifício de muitos andares que é. Sem esta base moral não é possível avançar muito no Yoga integral, ficando o praticante restrito a posturas físicas (asanas) e respiração (pranayama), e não dispondo, portanto, dos elementos indispensáveis para o Yoga superior constituído pelos estágios mais avançados: pratyahara, dharana, dhyana e samadhi. Tão somente a prática das posturas já traz benefícios, mas Yoga é bem mais do que isso.

Não causar violência ou dano a nenhum ser vivo é parte integral de ahimsa. Alimentar-se de uma forma que não cause violência ou dano a nenhum ser vivo é um de seus requisitos. O vegetarianismo, não por acaso, está indissoluvelmente ligado à prática do Yoga e, não por acaso, a Índia, berço do Yoga, é também um país tradicionalmente vegetariano. Isso desde tempos imemoriais, quando as condições com que os animais eram tratados e abatidos não chegavam nem perto das barbaridades e crueldades com que hoje isso acontece.

Tipos de alimentos

Segundo a tradição hindu, a construção do corpo físico resulta do alimento e da bebida que ingerimos e, naturalmente, a qualidade de seus elementos constituintes depende, em grande medida, da qualidade deste alimento. O conhecimento da natureza das diferentes espécies de alimentos e a experiência possibilitaram aos estudiosos indianos classificá-los em diferentes categorias. A classificação mais familiar é a divisão em três grupos: tamásico, rajásico e sátvico. Alimentos tamásicos são aqueles que estimulam a inércia, rajásicos os que produzem atividade, e sátvicos os que produzem harmonia e ritmo. É no último grupo que o praticante de Yoga tem de basear, tanto quanto possível, a sua alimentação2. A carne está classificada no primeiro grupo.

Os grãos de onde sairão novas plantas e que estão cheios das substâncias mais nutritivas, os frutos, todos os produtos cujo próximo desenvolvimento, no decurso do ciclo vital, é o crescimento, são alimentos rítmicos, saturados de vida, próprios para constituírem um corpo ao mesmo tempo sensível e vigoroso, mais apropriado ao praticante de Yoga3.

Impactos da alimentação centrada na carne

A alimentação centrada na carne além de impor enormes sofrimentos aos animais também gera fortes impactos para o meio ambiente. Por outro lado, a saúde humana se beneficia muito com a alimentação vegetariana. Um bom praticante de Yoga deve gozar de boa saúde, pois, como diz Rohit Mehta, com um corpo enfermo e uma mente doentia não é possível avançar na senda do Yoga4.

Saúde

Várias organizações internacionais de renome como a American Heart Association (AHA), a Food and Drug Administration (FDA), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Kids Health (Nemours Foundation), o College of Family and Consumer Sciences (University of Georgia) e a Associação Dietética Americana têm parecer favorável ao vegetarianismo, esta última afirmando inclusive que os profissionais da área da nutrição têm o dever de incentivar aqueles que expressam intenção de se tornarem vegetarianos.

O vegetariano tem risco reduzido de doenças crônicas e degenerativas, como cardiopatias, câncer, diabetes, obesidade, osteoporose, doenças da vesícula biliar e hipertensão. O vegetariano tem 31% a menos de cardiopatias, 50% a menos de diabetes, vários cânceres a menos, sendo 88% a menos de câncer de intestino grosso e 54% a menos de câncer de próstata, só para citar alguns5.

Meio ambiente

O impacto ambiental causado pela criação de quantidades exorbitantes de animais para suprir (e estimular) a demanda por carne é colossal. Só no Brasil são criados anualmente cerca de 200 milhões de bovinos e cerca de um bilhão de frangos, galinhas, suínos etc.6

De acordo com a FAO, a pecuária está entre as três principais causas de qualquer problema ambiental significativo, incluindo a degradação da terra, mudanças climáticas e poluição do ar, escassez e contaminação de água e perda de biodiversidade.

O consumo de carne bovina é a principal causa das queimadas, do desmatamento, do assoreamento dos rios e da perda de biodiversidade, do uso e da contaminação das águas, entre outras mazelas ambientais, como a geração de quantidades exorbitantes de dejetos animais. O consumo de outras carnes (frango, porco, peixe etc.) e produtos de origem animal (laticínios e ovos) igualmente gera enormes impactos.

Alguns fatos

Desmatamento

A indústria da carne é a principal responsável pela derrubada das florestas (80% da destruição da Amazônia deve-se à pecuária e à soja, para virar ração para animais). A criação de gado é responsável pelo desmatamento de 93% da Mata Atlântica, 80% da caatinga, 50% do cerrado e 18% da Amazônia7.

Aquecimento global

No relatório A grande sombra da pecuária, a FAO afirma que os gases emitidos pelos excrementos e flatulências, pelo desmatamento para abrir pastagens, somados à geração de energia gasta no manejo do gado respondem por 18% dos gases-estufa emitidos anualmente no mundo. Segundo este relatório, a pecuária agrava mais o efeito estufa do que o setor de transportes, responsável por 13% das emissões8.

Uso e contaminação da água

A indústria da carne é responsável por mais da metade da água consumida para todos os fins. São necessários cerca de 15 mil litros de água para gerar um quilograma de carne bovina, ao passo que são necessários apenas 195 litros para se obter 1 quilograma de feijão, 42 litros para se obter 1 quilograma de batata etc.

Cada quilograma de carne gerado em sistema de confinamento deixa para trás 7 a 9 litros de excrementos, que não têm como ser absorvidos pela terra. Esses resíduos vão diretamente para córregos, poços e lençóis freáticos.

Oceanos

A pesca industrial é extremamente predatória. Os oceanos estão entrando em colapso rapidamente. Até 2006, 29% das espécies de peixes e frutos do mar já haviam entrado em colapso. O camarão rende apenas 2% do montante global pescado anualmente, mas responde por 35% do desperdício total. O “descarte” está hoje avaliado em 27 milhões de toneladas anuais, de peixes e outros organismos marinhos considerados “do tipo ou tamanho errado”9.

A maior parte dos peixes e outras criaturas marinhas capturadas anualmente não é consumida diretamente pelos seres humanos, mas dados como ração aos animais. São necessários 45 quilogramas de peixes selvagens para criar um quilograma de salmão criado em cativeiro10.

Insustentabilidade e ineficiência

Metade de toda a terra boa do mundo é destinada a pastagens. Metade da colheita mundial de grãos é consumida pelo gado no mundo todo. Criar gado é uma forma muito ineficiente de utilização dos recursos. São necessários em média 7 a 9 quilogramas de cereais e grãos para produzir um quilograma de carne de boi. A relação para carne de porco e frango é de 3,5 e 1,7 quilogramas, respectivamente.

Num mundo onde a fome é uma realidade, comer carne é eticamente inaceitável.

Impactos sociais

Além da pegada ecológica, os problemas sociais gerados pela indústria da carne são também muito graves. A maior parte das denúncias sobre mão de obra escrava realizadas no Ministério do Trabalho no Brasil vem da pecuária. Outro grande problema é o abate clandestino, responsável por aproximadamente 50% do mercado nacional, onde o trabalho infantil também é recorrente.

As condições de trabalho nos frigoríficos são degradantes e geram problemas físicos e psicológicos nos trabalhadores. Acidentes são corriqueiros. Nos frigoríficos os processos produtivos são agressivos. Ou o calor é excessivo, acima de 40 graus, chegando a 95 graus em vários pontos, ou muito frio, abaixo de doze, atingindo até 35 negativos nas câmaras frias. O barulho é ensurdecedor e os protetores auriculares reduzem pouco o nível de ruído.

A umidade está em todo lugar, proveniente dos vapores ou das mangueiras que incessantemente são acionadas para limpar o sangue do chão. O odor é desagradável, chegando a níveis insuportáveis em alguns setores como da triparia e bucharia. O ritmo da produção é alucinante, ditado pela velocidade das roldanas com ganchos que carregam nos trilhos os pedaços do animal, que vai sendo dissecado a cada seção11.

Crueldade com os animais

Inúmeras crueldades são cometidas na criação de animais ditos “de consumo”, ou seja, abatidos para virar comida. O sofrimento inerente ao abate não é o único aspecto a considerar. Imagens idílicas de fazendas onde os animais vivem felizes e contentes, junto à sua prole, povoam nosso imaginário, mas o agronegócio está tornando isso coisa do passado. A tendência hoje é criá-los em granjas industriais, onde vivem confinados e submetidos a tratamento cruel. Praticamente 100% dos porcos e frangos são criados hoje em regime de confinamento, e o gado e o peixe caminham para isso.

Os filhotes são separados da mãe assim que nascem e criados em condições abomináveis, totalmente artificiais, gerando muito estresse e doenças, combatidos com medidas ainda mais execráveis: corte do bico, do rabo, dos dentes e da genitália, tudo sem anestesia. Só saem dessa situação penosa para o abate. Ali, eles são depenados, esfolados, escaldados e esquartejados, na maior parte das vezes, ainda vivos.

Nunca na história da humanidade animais foram tão desrespeitados e maltratados como acontece agora em pleno século XXI nas granjas industriais. Como afirma Peter Singer Os animais são tratados como máquinas que convertem forragem de baixo preço em carne de preço elevado, e qualquer inovação será utilizada se resultar em uma ‘taxa de conversão’ mais baixa12”.

De acordo com a FAO, mais de 52 bilhões de animais são mortos para comida por ano no mundo.

Comer carne e outros produtos de origem animal é um hábito bastante arraigado, sobretudo nas sociedades ocidentais. Muitos praticantes de Yoga no ocidente acreditam que precisam comer carne para ter a força exigida na prática das posturas. K. Pattabhi Jois, o criador do estilo de Yoga que mais exige aptidão física, o Ashtanga Vinyasa Yoga, afirmou claramente que a dieta vegetariana é uma exigência para a sua prática. O mesmo fez seu filho, Manju Jois, em recente visita ao Brasil. Pattabhi Jois inicialmente relutava em ensinar Yoga a ocidentais porque comiam carne. Somente abriu as portas para alunos ocidentais quando percebeu que estes poderiam se tornar vegetarianos, mesmo não tendo nascido vegetarianos13.

A humanidade clama por paz, mas a paz não será possível enquanto ela se associar todos os dias aos atos sangrentos e cruéis indissoluvelmente ligados à criação e ao abate de milhares e milhares de seres indefesos que, como nós, também sentem dor e terror.

Toda a crueldade e os demais impactos associados à carne e outros produtos animais não é compatível com o primeiro preceito do Yoga: ahimsa. A alimentação vegetariana é parte fundamental e integral de um mundo sem violência, saudável, sustentável e que respeita todas as formas de vida. É a dieta do praticante de Yoga.

Marly Winckler Coordenadora para a América Latina e Caribe da União Vegetariana Internacional, com sede na Inglaterra (www.ivu.org) e Presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (veja o site AQUI)